Hoje eu quis silêncio absoluto. Desliguei os gritos do meu coração e as caixas de som que emanam ao ar, palavras minhas, ditas por outras pessoas. Compositores que às vezes parecem me conhecer, mais do que eu mesmo. É estranha essa sensação que temos em achar que, certas músicas parecem nos descrever. (Agora estou longe de tudo o que possa me ferir, e só escuto o barulho da chuva que cai lá fora e do ventilador que ameniza o calor deste quarto escuro.) E quanto mais eu fico em silêncio, mais vejo que necessito de um som. Mas não um barulho qualquer. Quero escutar uma voz que eu já escutei, diversas vezes em sonhos perdidos. Era uma voz doce, de uma menina que tinha muita pureza e amor no coração e isso fica claro no timbre suave da sua voz. Ela me dizia que está por aqui, no mundo real e está perdida, tentando me encontrar.

Atentamente sigo os meus dias, escutando diversas vozes me falarem sobre suas vidas. E sempre me perguntam de onde vêem tanta paciência para escutá-las. Bom, a gente acaba se tornando paciente quando está tentando encontrar uma coisa rara. (É uma em um TRILHÃO.) Então precisamos ser atenciosos e pacientes. Eu já errei algumas vezes por não ter a audição tão aguçada quanto eu preciso, e isso me fez machucar e tirar o encanto de algumas vozes perfeitas. Bom, perfeitas sim! Mas, não para cantar a música que eu escutar.

Então a gente segue a vida escutando vozes, buscando encontrar alguma que sirva pra nos acalmar.
Tu tens essa voz? Me liga, quero escutar.